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Papa Francisco fala em geração «digital» sem raízes e sujeita a «alienação cultural»

14/05/2018
Por diocesedeviseu
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Papa encontrou-se com responsáveis da sua diocese. O Papa Francisco encontrou-se hoje com representantes das comunidades católicas de Roma, a sua diocese, com quem debateu temas como a situação dos jovens, que considerou vítimas de “alienação cultural” e dos efeitos negativos da cultura digital. “Se vives no mundo radical, perdes as raízes”, disse, num encontro de cerca de hora e meia, na Basílica de São João de Latrão. O Papa defendeu o diálogo entre gerações e gracejou com a quantidade de jovens que, em vez de o cumprimentar estendendo a mão, o fazem “com o telemóvel”, tirando uma ‘selfie’. “Falta contacto humano, isto é grave. São jovens virtualizados”, observou o pontífice. Francisco foi recebido pelo seu vigário para a Diocese de Roma, o arcebispo Angelo De Donatis, por bispos auxiliares, sacerdotes, religiosos e religiosas e centenas de leigos das comunidades paroquiais e nas outras realidades eclesiais. O Papa é, na Igreja Católica, o bispo de Roma, diocese cuja catedral é a Basílica de São João de Latrão. As paróquias da capital italiana promoveram nos últimos meses uma reflexão sobre as “doenças espirituais” e apresentaram hoje algumas questões ao Papa, nascidas desse percurso de debate. Nas suas respostas, falando sem recurso a um texto preparado anteriormente, Francisco alertou para a “amargura” que se pode instalar na vida espiritual de cada crente, advertindo que “ninguém se pode curar sozinho, ninguém”. “O Senhor quer fazer-nos crescer com a experiência da cura”, sustentou. O Papa falou dos perigos do individualismo e do que qualificou como “tutologia”, a pretensão de “saber tudo”, bem como da “ânsia de novidades” nas comunidades católicas, que perdem assim o “realismo” e a consciência do “essencial”. “A espiritualidade comunitária cura-nos”, observou. Segundo o Papa, o trabalho das paróquias deve ser mais do que um “somatório de iniciativas”, apresentando como prioridade a “harmonia” nas comunidades. Francisco disse que os católicos têm de “ler o Evangelho, todos os dias”, para conhecer melhor Jesus, o que leva à “oração” e às “obras de misericórdia”. Noutra resposta, o pontífice sublinhou que ficou com boa impressão dos jovens com quem se reuniu na reunião pré-sinodal, projetando a próxima assembleia consultiva de bispos que vai decorrer em outubro, no Vaticano. Já no seu discurso formal, o Papa convidou à reflexão sobre a “capacidade de fecundidade” das comunidades eclesiais. A intervenção advertiu para o risco de colocar a Igreja numa “situação de escravidão”, subjugando-a a poderes e interesses que não os de Deus, e falou numa “hipertrofia do indivíduo” nas sociedades contemporâneas. Francisco falou de uma vida “expropriada por relações apenas utilitárias e pouco gratuitas”, pelo “medo do futuro”. O discurso elencou desafios como “o individualismo, o isolamento, o medo de existir, a sensação de esmagamento e o perigo social, típicos de todas as metrópoles”, que exigem novas respostas da Igreja Católica. O encontro concluiu-se com um momento de oração. G.I./Ecclesia:OC