Bispo
Diocese
Morreu na cruz!
04/04/2021
Por diocesedeviseu
Homilia na Sexta-feira da Paixão do Senhor
Contemplemos Jesus que deu a vida para nos salvar e morreu na cruz. Caríssimos irmãos e irmãs, vós mais pequeninos e pequeninas, caros jovens. As palavras são insuficientes para agradecer tanto amor, tanta generosidade. “Deus amou tanto o mundo que lhe deu o Seu próprio Filho, para que todo o que n’Ele acredita não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). O relato da Paixão do Evangelista São João, nesta Sexta-Feira Santa, diz-nos tudo o que precisamos de saber. Foi um processo longo e difícil, mas Jesus veio para dar a vida e nos salvar. Cristo foi obediente ao Pai até à morte e morte na Cruz, e por isso Deus o exaltou na árvore da vida, que é a Cruz, para nós podermos ter vida. Feliz lenho que suportou o Autor do mundo; Ele agora é nosso. Só o amor de Jesus, como ouvíamos no relato da Paixão – este amor que é o amor do Pai, insondável e gratuito, por cada um de nós – podia levar o Servo Sofredor, de que falava Isaías na primeira leitura (cf. Is 52,13 e 53,1-12), a tão grandes gestos. Por isso, lembrando a Carta aos Hebreus, nesta hora de morte, de dor, de silêncio e de gratidão, repetimos: “Vamos, portanto, cheios de confiança ao trono da graça, a fim de alcançarmos misericórdia e obtermos um auxílio oportuno” (Hebr 4,16). Jesus morreu para nos dar o exemplo. Nós também temos de aprender a morrer para o pecado, para tudo aquilo que é negação do amor; a morrer para nós próprios e a olhar cada vez mais pelos outros. A Igreja convida-nos nesta Sexta-Feira Santa a rezar diante da Paixão de Jesus pelos injustiçados e condenados inocentes no nosso mundo. E são muitos aqueles que nos nossos dias e em tantas partes do mundo são condenados inocentemente por amor à verdade e à justiça. Por isso, olhando Jesus o Crucificado, guardemos no coração as suas palavras de amor e de entrega: “Quando eu for elevado da terra, disse Jesus, quero atrair todos a mim”. E hoje, irmãos e irmãs, somos estes que Ele quer atrair para a sua vida, guardar no seu coração e alimentar com o pão da Eucaristia. Por isso dizia também o texto da narração da Paixão: “Hão de olhar para Aquele que foi trespassado”. Obrigado, Senhor! Obrigado, Jesus! Pelas tuas Santas Chagas nós fomos curados. Não tiveste receio de ser rejeitado e condenado, de ser o grão de trigo que tem de morrer para dar muito fruto. Este dia e nesta tarde convido-vos a olhar para o nosso mundo envolvido em sofrimento por causa desta pandemia e por tantas situações de injustiça, de falta de trabalho ou de doença, que nos levam a olhar uns para os outros, sempre com o olhar de Jesus, repetindo aquelas suas palavras: “Pobres sempre os tereis convosco, mas a mim nem sempre me tereis”. Convido-vos a olhar à vossa volta e a não deixardes que a ninguém falte o pão de cada dia. Contemplando Cristo morto na Cruz, devemos aprender o caminho verdadeiro da solidariedade e da proximidade. Esta é, na verdade, a hora de Jesus, a hora da entrega ao Pai na morte de Cruz. Ele dá a vida para nos alcançar o perdão e a misericórdia. É também a hora da Divina Misericórdia. A narração da Paixão do Senhor mostra-nos o exemplo e o testemunho do Justo, o Servo Sofredor de Isaías, onde nós também encontramos um lugar para cada um de nós e para todos aqueles que na nossa sociedade são rejeitados, marginalizados ou ignorados. Por isso conforta-nos a oração de Jesus na Cruz: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” (Mc 15,34). Muitas vezes rezamos a Deus este salmo a pedir o dom da confiança. Diz o evangelista que “Jesus soltando um grande brado, expirou” (Mc 15,37). Meus irmãos e irmãs, aprendamos a dizer sempre: Nós vos adoramos e bendizemos, ó Jesus, que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo. Neste contexto gostaria de lembrar as sete palavras de Jesus na Cruz:- “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” (Lc 23,34)
- “Hoje estarás comigo no Paraíso.” (Lc 23,43)
- “Mulher, eis o teu filho! Filho, eis a tua Mãe!” (Jo 19, 26-27)
- “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” (Mc 15, 34)
- “Tenho sede!” (Jo 19,29)
- “Tudo está consumado.” (Jo 19,30)
- “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46)