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Voz do Pastor - O Banco Alimentar é fruto de uma onda de solidariedade

05/06/2025
Por Liliana GI
Voz do Pastor - O Banco Alimentar é fruto de uma onda de solidariedade
O Banco Alimentar é uma porta aberta para a solidariedade e fraternidade a favor das camadas mais desfavorecidas da Sociedade. Portugal experimentou, de lés a lés, durante este passado fim de semana, a recolha de géneros alimentares com a colaboração de milhares de crianças, jovens, escuteiros e adultos, em todos os hipermercados do país. Graças a este esforço dos voluntários e da generosidade de quem contribuiu, foram recolhidas centenas de toneladas de bens, que depois foram transportados e arrumados nas sedes dos 21 Bancos, que constituem a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares. Esta Instituição é gerida por estatuto próprio de uma IPSS. Como procura responder a muitas situações de pobreza e emergência social é uma instituição muito querida da sociedade civil, com visibilidade, ajudada por vários grupos de voluntários, de grupos de cristãos, alunos da catequese, escolas e escuteiros, que realizam esta missão com prontidão duas vezes por ano. É gratificante ver os voluntários numa azáfama constante nos estabelecimentos e nos armazéns de recolha, com a participação de muitas crianças, acompanhadas de pais e professores, que este ano viveram de um modo diferente o Dia Mundial da Criança. O aumento da pobreza em Portugal leva muitas instituições a recorrer ao Banco Alimentar e, é a partir delas, que chegam a muitas famílias, que são socorridas para minimizar o aumento da pobreza. O fenómeno da pobreza no mundo e também em Portugal aumentou nos últimos anos por várias razões. O desemprego, as reformas baixas, o aumento do custo de vida e a presença de muitos emigrantes que recomeçam a vida no nosso país, são alguns dos fatores que explicam uma maior procura de ajuda, fazendo destas instituições necessárias e atuais. É uma bela experiência de educação para a solidariedade e partilha, fazendo das crianças, adolescentes e jovens um rosto de proximidade para os valores do serviço, do voluntariado e da atenção às necessidades do próximo. Uma bela atividade de promoção e formação humana, cívica, ética e cristã. O valor da partilha e da caridade esteve sempre no cerne da formação cristã. Aprender a olhar para as necessidades do outro a partir do lugar onde nos encontramos e saber caminhar com o outro, em proximidade e oferecendo-lhe o pão de que precisa para matar a sua fome, traduz-se num gesto que não passa despercebido. Com o aparecimento do primeiro Banco Alimentar contra a fome, em Lisboa, surgiu a novidade de com gestos novos de solidariedade, partilhar os bens de primeira necessidade com os mais pobres e carenciados. Esta Associação de Solidariedade Social, que adota a denominação de Banco Alimentar Contra a Fome tem como objetivo “dar uma resposta ao problema da fome, pela coleta e distribuição de excedentes e dádivas, de quaisquer produtos alimentares, através de associações ou entidades idóneas” ( Estatutos, artº 3º). Felicito os responsáveis e todos os voluntários que deram o seu tempo com gestos em prol dos outros. Se todos nós contribuirmos, de alguma forma com o que pudermos, transformamos o mundo num lugar melhor. É também isso que Jesus nos ensinou e nos pede. Para, no dia-a-dia, darmos um pouco de nós aos outros, que saibamos partilhar o pão e os nossos bens com o irmão necessitado e que nunca sejamos vencidos pela indiferença. +António Luciano, Bispo de Viseu