Igreja

Observatório Pastoral: As 2.as Jornadas da Pastoral dos Bens Culturais da Igreja são dedicadas à conservação e restauro

10/10/2025
Por Liliana GI
Observatório Pastoral: As 2.as Jornadas da Pastoral dos Bens Culturais da Igreja são dedicadas à conservação e restauro
Para assinalar o dia Nacional dos Bens Culturais, celebrado a 18 de outubro, dia de São Lucas, o Secretariado Nacional dos Bens Culturais promove anualmente as Jornadas da Pastoral dos Bens Culturais da Igreja, orientadas para a apresentação e partilha dos principais desafios que se colocam na atualidade à Igreja e aos responsáveis diocesanos na salvaguarda e valorização do património. Para a edição deste ano elegemos como temática central a conservação e restauro dos bens culturais da Igreja, uma área com inúmeras contingências e fragilidades associadas e que carece de formas de atuação assertivas e qualificadas. Esta iniciativa, cujo programa foi elaborado pelo Grupo de Trabalho para a Conservação e Restauro, irá decorrer no dia 17 de outubro, no Santuário de Cristo Rei, em coorganização com a Comissão Diocesana do Património Arquitetónico e Histórico-Artístico da Diocese de Setúbal. Para um melhor conhecimento das formas de atuação e procedimentos adotados para esta área específica por parte das dioceses foi elaborado um inquérito às dioceses, cujos dados serão trabalhados e interpretados com vista à elaboração de um documento estratégico para a conservação e restauro, que será objeto de análise e discussão no próximo Conselho Nacional dos Bens Culturais, a realizar no dia 18 de outubro, bem como para equacionarmos outras ações a realizar no futuro. O que justifica a realização de umas Jornadas especificamente dedicadas à conservação e restauro? Felizmente, são muitos os bons exemplos de intervenções de restauro que foram realizadas de forma qualificada, por empresas credenciadas e que atuam em conformidade com os princípios éticos do ofício de Conservador Restaurador, contribuindo para a salvaguarda dos bens culturais. Porém, são também inúmeras as intervenções danosas, que ao invés de preservarem, destroem o património, através da sua descaracterização, concretizada por empresas sem qualificação ou que atuam à margem dos princípios científicos e éticos orientadores da conservação e restauro. São muitas as intervenções realizadas por pseudorestauradores, jeitosos do ofício, pseudoartistas, que de forma consciente impõem os seus gostos e não respeitam as obras de arte que lhe são confiadas. É também necessário acabar com o mito de que as boas intervenções são mais dispendiosas. Nestas Jornadas serão apresentados exemplos concretos de boas intervenções e de más intervenções. Os vários oradores, técnicos com experiência em diferentes áreas de intervenção em função das tipologias do património, vão enunciar os procedimentos adequados para as intervenções qualificadas. Será também colocada em relevo a importância de serem criados planos de conservação preventiva para os espaços religiosos, para que se possam prevenir muitos dos fatores de degradação e evitar intervenções de restauro mais profundas, que são sempre mais dispendiosas e mais danosas para as obras de arte. Fátima Eusébio, Departamento dos Bens culturais da Diocese de Viseu (Artigo publicado na edição desta semana do Jornal da Beira)